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Arquitetos: Budi Pradono Architects
- Área: 1350 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:FX.Bambang SN, Fadhil Hasairin
Descrição enviada pela equipe de projeto. Esta casa está situada próxima à Praia Lodji, em Pelabuhan Ratu, Sukabumi, na costa oeste de Java, Indonésia. O terreno apresenta uma condição singular: a praia conecta-se diretamente aos campos de arroz da comunidade, enquanto a topografia se eleva em direção à estrada principal e, a partir dela, desdobra-se novamente em direção às colinas. Das colinas, cobertas por floresta, é possível traçar um diagrama natural que articula praia, arenito, campos de arroz, estrada e montanhas. O horizonte, porém, revela um contraste marcante: a vista se abre para um complexo de processamento de carvão, cuja presença é constantemente anunciada pela fumaça que se espalha no céu.
Reinterpretação da Arquitetura Local: A estratégia envolve a reinterpretação das casas da aldeia adjacente. Mas com uma interpretação mais contemporânea. Todo o volume é composto por pátios. Um pátio serve como estacionamento, mas o telhado também é transparente para capturar energia solar. O outro pátio está em um nível mais baixo e possui uma piscina, funcionando assim como um terraço voltado para o pátio. A piscina é projetada para servir como referência para a composição de toda a estrutura. A casa se organiza a partir de um volume retangular simples, coroado por um telhado de duas águas reinterpretado. Em vez da forma convencional, optamos por um desenho arqueado, executado com estrutura metálica. Na tradição indonésia, é comum o uso da madeira como elemento principal, com encaixes realizados por lâminas e travamentos entre peças. Aqui, no entanto, como toda a base da construção é em concreto, essas lâminas também foram concebidas no mesmo material. O resultado é uma estrutura de tesouras que, além de sustentar, permite que o telhado respire e mantenha a leveza visual do conjunto.
O solo é o principal material utilizado na construção dessas estruturas, muitas vezes na forma de terra compactada. Escolhi esse elemento não apenas por sua ancestralidade — afinal, a terra é o material mais antigo do mundo — mas também por seu papel na produção de materiais de construção locais, especialmente os tijolos. Na Indonésia, em regiões como Java e Bali, os tijolos são tradicionalmente queimados em fornos alimentados por lenha. Ao observar esse processo, notei como as comunidades frequentemente recorrem ao corte de árvores para obter a madeira necessária, o que impacta diretamente o entorno natural. Ao utilizar a terra como base desta casa, proponho uma alternativa que pode ter grande repercussão para as aldeias vizinhas: a possibilidade de erguer paredes sem a necessidade de derrubar a floresta.
Há cerca de dez anos temos explorado o uso da terra como material para paredes arquitetônicas, testando diferentes proporções de cimento e areia. Neste projeto, realizamos pesquisas laboratoriais para analisar os estratos de solo local, que chegam a até 60 metros de profundidade. Contudo, devido à proximidade com o mar, a composição apresenta alta concentração de areia, enquanto a argila densa e resistente ocorre apenas nas camadas superficiais. Após mais de dezoito tentativas, encontramos uma área adequada atrás da colina, a menos de um quilômetro do local. Esse solo precisa ser filtrado antes de receber o tratamento com um endurecedor alternativo, que dispensa o uso de areia ou cimento. O processo construtivo consiste em criar formas de parede utilizando estrutura metálica e painéis de madeira compensada de 18 mm com resina. A terra é então compactada em camadas de 80 a 100 cm. Devido à proximidade com a costa, a secagem ocorre de maneira relativamente rápida, levando de um a dois meses.
Água e Energia: Coletamos e filtramos água da chuva como nossa principal fonte de água para uso diário. Células solares também são instaladas nos telhados da área de serviço e da garagem para garantir que a energia solar seja utilizada de maneira eficaz no projeto.
Conservação do Solo: Apenas 30% da área total de 1,8 hectare foi destinada às casas, implantadas em uma zona mais afastada da praia. O restante, em sua maior parte ocupado por campos de arroz, permanece ativo para a produção e continua disponível para o uso da comunidade local. Dessa forma, os volumes foram sobrepostos, próximos à estrada, de modo a concentrar a ocupação e liberar o solo produtivo. Além disso, a piscina foi projetada como uma estrutura flutuante, reduzindo sua pegada e permitindo que a área sob ela continue a ser cultivada pela comunidade.
